MEU PEQUENO INTERIOR
O meu interior
De nome incomum - bonito
De lenda surreal
Meu sertão de ouro
Lindo tesouro
Pequeno e colossal
Cidadezinha "buraco"
Por onde olham, tuas serras
Natureza sem igual
De águas límpidas, ar puro
Encanto, meu porto seguro
Meu povo, meu lugar!
E meus sítios?
Recanto de fantasias
Beleza espetacular
Os vaqueiros preocupados
Atentos às suas cabeças de gado
Nem vêem o tempo passar!
Lá onde cinco da manhã já não é madrugada
Onde o sol ilumina nossa estrada
E o povo começa a caminhar
Quando o galo sobe no puleiro
Já de volta vem o vaqueiro
Com o leite quentinho pra entregar
As lavadeiras com carga pesada
Trouxas de roupa na cabeça
Rumo ao açude pra lavar...
E minha tia batendo as panelas
Fazendo o café de sentinela
Pastorando pra o leite não derramar
Engraçado, quase nunca dá pra evitar!
Minha vó jogando milho no terreiro
E eu só escuto o gorjeio
Da passarada em seu despertar
E os matinos despertos se aprontando
Tomando banho de cuia, e lanchando
Com a mochila no ponto a aguardar
O carro para poderem estudar
Nas vós aquela reunião
Para todos no café da manhã
Toda a fome saciar
Logo após a macharada para a roça
E a mulherada não encosta
Pois lhes chamam os deveres do lar
Saudade do meu cantinho
De estudar bem direitinho
Debaixo do juazeiro
Na sombra de um cajazeiro
Sem pressa de acabar...
Eterno interior que tanto amo
Da família, dos amores, dos amigos
Dos vizinhos, sempre tão cativos
Que jamais vão se apagar
Dos que chegaram, dos que se foram
Dos que virão
E por que não? Dos que se vão!
Meu eterno Encanto
Da serra de São João
Terra de São Sebastião
Meus sítios, da Virgem das Graças, de Fátima
Das novenas, do leilão
Do forró, da galinha assada, da peixada
Terra onde o açude sangra
Onde alfenin só presta vivo
Moagens, inesquecíveis!
E do trabalho todo dia
Terra do meu coração
Onde todos se conhecem
Fazem até a mesma prece
Por mais um pouco de paz
E chuva pro seu sertão
Da política agitada
Novenas tão festejadas
Que só o interior faz
Que orgulho do meu sertão
De ser tua por inteiro
Meu sertão tão lisonjeiro
Povo tão acolhedor
Eu sumi pra capital
Mas a saudade é animal
Do meu pequeno interior
Onde lá as casas distantes
Mas conheço todo mundo
Onde se presta o favor
Sem olhar pra sua cor
Capital tem casas tão próximas
Umas em cima de outras
Mas não sei sequer o nome
Do vizinho, nem do mercador
Capital sem fé, sem lenda
E aonde até o galo
É substituído pelo despertador
Onde sonho é sempre ambição
E onde os mais velhos não são tratados
Pelo título de senhor...
Capital que até critica
Faz máscaras e intrigas
Sobre o meu interior...
Mas eu não troco por nada
Estou aqui emprestada
Para voltar ao meu esplendor
Eu sei cidade pequena
Que sua grande diversidade
Aumenta em mim por ti o amor!!!
Magna Fernandes ~> 17/10/2008 ~> Saudade do meu cantinho...