Proquê deixei o Sertão?
As veizi eu me pregunto:
Qualé a causa que é;
Eu gosta tanto di sitio
Ter deixado o Sabaté.
E recordo cum saudadi
Do tempo que lá passei,
Dos amigos de infância
E dos priminhos que brinquei.
Das alegres partidas
Do “futibor di meia”.
Do casamento no escuro
“ – não quero essa que é feia”.
Das partidas de bétis,
Bola-di-gudi e amarelinha.
Que faisi parte da história
E da curtura minha.
Das longas caminhadas
Nos dia de reza no povoado.
Das orações a Padroeira
E as Ladainhas ao Divino Consagrado.
O que mais me alegrava
- Não é difícil de intendê –
É quando a reza triminava
E a dona da casa: “ – Podi cume!”
Para a alegria da criançada
Tinha doce di montão.
E pos veio truquêro
Pinga di garrafão.
Todo ano mêisi di junho.
Mêisi di São João.
Ascendia uma fuguêra
Cum arraia e quentão.
Tinha alegria! Tinha di tudo!
- Ô tempinho bão!”
Agora eu me pregunto:
Proquê deixei o Sertão?