Do meio para o fim

I

Quantos pés já pisaram essa terra,

na antiga amplidão...

Desfrutando as bondades selvagens

de um mundo de amor.

Hoje resta essa sobre infrequente,

essas águas manchadas,

de impuro sabor.

E esses seres, que plantam sementes

de intenso pavor.

II

Vive o lábil oprimido num berço

de espinhos viventes.

Não recebe o penhor da verdade

e está sempre carente.

Sabe apenas que um ser soberano

prepara-lhe um manto

de recepção.

E confia nos ditos sagrados

e na ressurreição

III

O vilão que viver no futuro

será mais sagaz,

exumando o filão na cratera

que o antigo habitou.

Viverá muito mais assustado,

terá mais pecado,

e também mais terror.

Liberado, ou talvez mais seguro

que o antecessor.

IV

Cada sábio, em seus argumentos,

diz mais sobre o fim.

Os fiéis afirmam na Bíblia

como acabará.

Nas palavras de um quiromante

se busca o segredo

do último andar

ou prediz: as páginas desse mistério

só o Cristo lerá.

Messias

Outubro/1983.