INEXORABILIDADE

Manhã de domingo, mp4 ligado, soa-me aos ouvidos

Bee Gees sussurrando imortais melodias, de tempos idos;

Inesquecíveis canções nesta manhã ensolarada, convidativa.

Manhã preguiçosa, sem muito que fazer me vejo ali sentado.

Banco de praça, de cimento frio, (apesar do sol) esfria o “derrière"

Avidamente rumino o já devorado “Almanaque do Batistinha”,

Personagem itabirano, de um passado distante-presente.

Naquele banco de praça vejo tudo passar rapidamente

Passam transeuntes apressados em buscar não sei o quê,

Passam caminhantes, atletas do cotidiano almejando o belo,

Passa também uma moto barulhenta perturbando o silêncio...

Passam automóveis, tudo passa; o tempo, inclusive...

Passa o amigo Zacarias preocupado com o canto litúrgico.

Passa tudo numa velocidade estonteante, doida, doída.

Folhas secas passam voando prenunciando um novo tempo,

Num vórtice implacável são levadas pelo bafo de Éolo.

Passam cabos eleitorais, mãos cheias de santinhos,

Apregoam pelo caminho seus candidatos ao pleito municipal.

Passa tudo, tudo passa e eu ainda ali na praça me deixo ficar;

E ao ouvido, Bee Gees, me vem do passado acordar-me para a vida.

J.Mercês

2/9/2012

JOSÉ MERCES
Enviado por JOSÉ MERCES em 02/09/2012
Reeditado em 03/09/2012
Código do texto: T3861514
Classificação de conteúdo: seguro