Mulher Acima dos Quarenta

Desconfiada até o osso

Roído, que faz de amuleto

Tem seu próprio submarino

Que anda na superfície, e nas profundezas

Amuleta sobre a razão

Anciã conselheira

Que a absolve, e a condena

Após as circunstâncias em que não se defendeu

Tem suas medalhas

Para lembrá-la do quão arriscado

É firmar-se nas vitórias

Vaidades efêmeras

Quando só, é para uso do tempo

Preparo para a autoconservação

Fortalecer-se para os dias que virão

Caso acorde pela manhã

E não tiver, quiçá

Quem sabe, porventura

Doravante

O quê

O afeto, os braços

O aconchego

O bem querer

Arrume outro rumo

Mal me quer

Bem me quer

Sino que tine

E não escuta

Tem o amanhã

Chegará o amanhã

De manhã

Não terá manha

Jeitosa, lavou o resto da louça

Colocou o lixo fora

Desligou o leptop

Apagou a luz, e foi dormir

A cama é redonda

O abajur ligado, refletindo as horas no relógio

O pijama de cetim, usado pela segunda vez

O bem dormia

Márcia Maria Anaga
Enviado por Márcia Maria Anaga em 10/02/2023
Código do texto: T7716421
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.