RITUAL DA CRUCIFICAÇÃO

EM HORA PRIMA

o gosto pelo sol urgiu

duma esperança nascida

dentre flores e espinhos

onde outrora me escondia de deus

Em luz

...estando sujeito à semelhança com o criador,

tudo se fazia às escuras,

num ritual de dor e de adoração à flor que agora germinara.

E se dele brotou o fruto

dele também se alimentou

obrando uma imagem grávida de sentidos.

EM HORA TERÇA

Já quando o crescendo fluxo das lágrimas alargava os desejos...

uma seta sem sentidos

foi ferida mortalmente !

O fogo...

...a luz.

Um testemunho inconsciente, incoerente, inconsequente...

...uma concha a se mover no sentido de molhar o barro.

A criação, esquecida do fogo

como do conforto de um útero

sangrando para o pó

sem dó...

...só.

tic...tac...tic...tac...

eterno pinga pinga

na luta pela reencarnação.

EM HORA SEXTA

Ao caminhar ao lusco-fusco

antevendo em quase nada

aquele que antes de covarde

anuncia aquele que existe enquanto possibilidade

...a hora outra.

Apocalipse e Genesis

conspirando contra a verdade...

O verdadeiro...

E todos os seus herdeiros

...e hospedeiros.

Sem se despir

dando forma ao pecado

cruzam... para em seguida fugirem só

Enquanto o prazer

gotejando, sem ninguém se perceber

nos espanta com o sofrer.