O meu amor, teu sacrifício

Qual a graça da desgraça?

Que te sorri e estraçalha

E te corta como navalha

Num circo de sangue e lágrimas

Diga-me, qual a graça?!

Da ponta afiada metalizada

Passando sobre teu corpo nu

talhando a carne macia

Saciando esta sede de punição e dor.

A tua pele, que cor?

Já não importa.

De aparência esbranquiçada já morta

Desenhada com sinuosas curvas rubras e lilás

Um cheiro forte de vida ainda presente

Nos vasos sanguíneos jorrando água da vida:

O sangue célebre e amargo dos amantes miseráveis.

Pressentes, meu amor, o que está por vir?

Ao abrir teu peito, apenas uma mancha

Que se desintegra ao menor contato

O que encontro dentro de ti é seco

há um vácuo

E já não te pareces mais com o retrato que fiz.

Viu só o que fizeste?

Tratou tudo como um teste

E agora não podes mais levantar

Meu bem, teus pés estão quebrados

Teus braços cortados

E tua cabeça já não para no lugar.

Onde viemos parar?

Tua língua já é esquecida,

Não existem mais palavras a serem ditas

E tudo o que era bonito apodreceu.

Teus olhos tão escuros...

Eu juro, não quis fazer-te sangrar!

Mas a vida não escolhe a presa

E tua defesa foi em vão

Não aprendeste a chorar!

Agora escorre dos teus olhos um líquido negro

Cobrindo teu rosto

Por um erro que poderias ter evitado

Agora estás desalmado, sem ter para onde ir

E para meu desgosto, vejam só, um sorriso!

Mas são só teus lábios partidos

Olhando assim, poderia pensar que ainda te amo...

Mas deixando o amor de lado

Não quero mais conversar comigo mesma

Deixei-te livre finalmente para poder partir,

Infelizmente é para a eternidade

Nunca mais tu andarás por nenhum lugar

Ah, se tivesse lembrado de implorar

Estaríamos juntos hoje,

tomando sorvete e olhando para o céu

Com todos estes pedaços unidos.

Mas meu coração se reduziu a nada faz tempo

Desde que nos partimos

E hoje tuas partes estão distribuídas

Não precisa mais chorar, meu amor.

Tudo é passageiro.

Lembra sempre que sangrei primeiro

Porém, agora tudo está em minhas mãos

Nada disso foi em vão

Vou te guardar sempre comigo,

Em alguns lugares, e todo lugar por onde eu for

Não esquecerei teu (diss)sabor

Não precisa mais chorar, não há mais sofrimento,

Agora tudo está bem!

Ficaremos melhor um sem o outro

Ao que fomos,

Amém.

Natália Camargo Dutra
Enviado por Natália Camargo Dutra em 09/01/2014
Reeditado em 09/01/2014
Código do texto: T4642213
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.