gritos do silêncio

Me incomoda esse barulho infernal,

beijos intactos gemidos que não ouvi;

estrondo só meu, silente, intracranial,

algazarra tal, que não me deixa dormir...

quimera sola “Il Silenzio” utópico clarin,

chama fantasia para pilotar a percussão;

num tapete voador a trazem pra mim,

pra que o sim troque um pouco com o não...

aí zombo dos Andes e toco na lua cheia,

besta foi Ícaro voando com asas de cera;

sinto teu pulso fundir-se na minha veia,

desfruto essa árvore híbrida de uva e pera...

até que um rasgo de ar assola a “nave”

e a pane lança no cânion da realidade;

essa porta formosa é fechada à chave,

e o séquito do inferno retoma o alarde...

o sono erra em plagas desconhecidas,

o corpo desmaia mas, a alma bordeja;

um dia passarão as noites indormidas,

dizem , com o tempo, ouvido fraqueja...