O avesso de mim

Vejo uma escuridão confusa

Ela quer se apresentar

É tentadoramente sedutora.

Muito atraente.

E também sabe que

Não tenho muitas escolhas.

Não consigo rejeitá-la.

Ela me pega pelos meus braços

E eu aceito o passeio insalubre.

Pássaros negros gritam em meus ouvidos

Mas, eu já nem me assusto mais

Só há a dor e a angústia

De tanto as ter já nem as sinto mais.

Lágrimas correm em mim sem fim

Não tenho mais fé

Não tenho mais esperança

Não sei mais o que é ser legal

Com mais ninguém.

Talvez nem comigo mesma.

A rudeza invade todos os buracos

O orgulho me consume as entranhas

Tornam-se companhias indispensáveis.

Ninguém é bom o bastante pra mim.

Para saber me arrancar sorrisos

Todos eles morrem no canto da boca.

Somente a solidão me aceita

E eu a desejo ardentemente.

Entro numa languidez lenta

Equável ao meu imprestável coração.

Meus pensamentos são torturantes

Só vem morte, preto, sangue...

E tudo fica tão vazio, tal qual o nada.

Uma inundação empretecida de ódio

Quanto ao meu interior.

Depois que vitalidade resolveu partir.

Torço minha alma

Jogo-a pela porta

E a tranco num quarto escuro.

E já não tenho mais alma

Volto a ser um animal

Depois serei um vegetal

E enfim, um mineral.

Sem qualquer sinal vital

Num retrocesso enfurecido

É isso que sobra do meu avesso.

Belly Regina
Enviado por Belly Regina em 03/05/2014
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