Empatia

Eu sentia na pele

a dor

que ele levava.

Eu sentia o desconcerto,

o descompasso; eu sabia.

Ele disfarçava (tentava),

mas não contava

com a minha empatia.

Sorria;

pelo visto

pretendia guardar

aquela dor

todos os dias.

Não desabafava,

falava,

gritava,

chorava;

mas eu via,

em seus olhos,

o tão atraente

sabor da tristeza.

Até mesmo sem saber

entregava-se à ela,

como quem se entrega

aos encantos

de um doce

primeiro amor.

Temia o encontro

dos nossos lábios;

indagava

tamanha valentia

do coração

que pulsava ferozmente.

Mero medo insignificante,

pusera o mais puro sentimento

no Grand Canyon das intempéries;

e mesmo assim

o meu amor

continua

em suas mãos;

e mesmo assim,

meu amor,

continuo

em suas mãos.