VIDA A ESMO
Deixo-te na margem do rio,
seco, sem vida, sem o verde,
abandonada a esmo, livre nos sonhos.
Não deixo nenhum guia para te servir,
não aponto o caminho,
o por do Sol há de segar-te.
Da mesma forma que privaste-me da luz,
o sabor dos teus dias,
terão o gosto da ausência.
Levo comigo a luz do luar,
a mesma que banhou nossos rostos,
beijos neblinados, hoje tão secos.
Lança tuas mãos ao remo,
procura o teu destino,
cria a tua estrela guia.
Nas páginas de algum livro,
arrematarei a nossa história;
da tua vida, eu fui banido.
Pedro Matos