ALMA CLANDESTINA

Eu sei que minha pele está fria,

que meus olhos pedem para ver o chão.

Eu quero que você saiba o quanto estou frio,

não sei se o amanhã trará de volta o brilho de antes,

que direi se meus olhos não se levantarem,

que serão dos meus passos, eles terão um caminho?

.

Você não precisa dos meus braços, do meu corpo,

do meu coração, porque tudo é passado,

tudo foi ilusão, um jogo, a sorte que lançaste ao vento.

Você acredita em si mesma, como se todos os demais

fossem mentirosos, e você conhece a mentira tão bem.

.

Quem lhe dirá aonde estarás indo?

Você não precisa de ninguém?

Sei que você aprendeu a ler sob a luz de um farol,

havia muito azeite, a luz apontava o caminho.

Quando vi a sombra por trás dos seus olhos,

era tudo um tom de giz, um neon fraco e tímido.

Você perdeu a bussola, a base do farol ruiu,

mas você não precisa de ninguém!

.

O tempo lhe ensinou à margem dos bons costumes,

à margem da história, dentro de um caminho

ardente e febril, nem sempre seu vício pedia calma.

Os ventos fortes também ensurdecem,

nem tudo que reluz é ouro, mas você acreditava,

e confiava, e se entregava, sem perceber que o cego

não conta com a luz.

O cego tem tato, você tem olhos de Águia;

sabe voar alto, mas não sabes escolher a caça,

prefere o veneno. Você vai onde o vento sopra.

Você crer no que é palpável, eu acredito nos sonhos,

acredito no amor. Você esqueceu a seringa,

dando lugar ao esquecimento.

Não quero ver você chorar, tudo isso não é um adeus,

é um esquecimento de corpos, o seu coração sempre

estará no mesmo lugar, no mesmo jeito de querer e desejar,

nos olhos de todos, isca jogada no mar das suas ilusões.

...

Pedro Matos

Pedro Simao Rocha Matos
Enviado por Pedro Simao Rocha Matos em 06/01/2016
Código do texto: T5502245
Classificação de conteúdo: seguro