Amargo Gume

Amargo gume da esperiencia perdida

Entre os caprichos pueiris de Maio

Melancolia no coração espectral

Vertida em ranger de amor plural

Não traduzido em lírico desmaio,

Dom desperdiçado,golpe fundo,

Vago golpe no peito da poesia.

Onde de amor a lucida magia?

Brinco de aurora, talismã do seio?

Alegria docemente tumultuaria

Infundindo a asa visionaria?

Do peito outrora ígneo e vario

Resta a cinza de branda agonia,

Fere o bem-te-vi da fruta doce

Da canção, como se adaga fosse,

Refoscilando em aborto e tardia

Orgasmagem selvagem e sombria.

Colibris de Maio, madriperola e mel,

O solitário bardo,enamorado do bordel

Rasga a candida formosura do seio

Do impuro afã no mecânico enleio.

Outros bem-te-vis depois hão de soar

A sombra dos cílios colossais da puta

Mas é necessario aplacar, em dor dissoluta,

O casto veio incapaz de namorar

Porque lhe falta o cafajeste exemplar

E a castidade é espectro em fatal luta.