Confissão de um corpo em decomposição

Não pense em mim

Eu aprendi a andar sozinho

Por vários caminhos

Atrás de um tal fim

Virei um boneco do amor

Fingia por aí ter cor

Meus espaços vazios

Era o que tanto me afligia

Quando os olhos abriram

As flores caíram

Conformei com meu ser

Seco até transparecer

As pessoas dizem

Que sou um menino de ouro

Um ser tão duradouro

Será que sou do além?

Não pense em mim

Eu vivo os dias sozinho

Por vários caminhos

Atrás de um tal fim

Sempre prometia dar amor

Uma pessoa com uma flor

Na palma de minha mão

Que seria o meu coração

Como vou prometer

Algo que não existe?

Deixo minh'alma anoitecer

Já que resto virou partes

Pedes-me para acreditar

Que um dia vou encontrar

Um certo alguém

No meio do além

Não pense em mim

Eu aprendi a andar sozinho

Por vários caminhos

Atrás de um tal fim

Eu já cansei de acreditar

Que um dia poderia amar

Eu não tenho amor

E isso não doar

Aceitei que meu ser

Nunca vai florecer

O jeito é viver

Assim... escrever.

Sofia do Itiberê
Enviado por Sofia do Itiberê em 24/08/2016
Código do texto: T5738516
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