NÃO MAIS

NÃO MAIS

Não mais declararam juras de amor,
Não mais procuraram lavar suas almas,
Não mais dedicaram o tempo da noite dividida - da madrugada escondida,
Guardaram-se no íntimo pudor,
Não mais declinaram o alvorecer,
Não mais sonharam o juntos envelhecer,
Não mais ficaram,
Não mais quiseram,
Não mais falaram,
Não mais dedicaram,
Não mais toleraram,
Não mais se reconheceram,
E no mais perceberam... que o tempo passou.
E nada aconteceu.
E a tinta do quadro-de-amor em pintura, esmoreceu.

Nada mais solidificou. E o 'não mais' perdurou.
Pois não mais trocaram as confidências.
Nem mais músicas conjuntas ouviram (desistiram).
Emudeceram-se as evidências.
Ao sabor de perdidas e iludidas consciências,
Adotou-se ao contexto do espaço o prazer do amor rarefeito.
Paciências conjuntas, paciência... Não mais...

Mas algo marcado ficou.
Foi o que deveras no livro se anotou. 

Então que jamais se apague o que foi livre e absoluto,
Uma marca marcada no peito; N'alma, no dorso.
Até porque não se permite o luto,
Nem se perquire o resoluto.
Tem-se no mais é que sorrir... (embora rostos não se colaram).
E que esse 'jamais' seja mais que todos os 'não mais',
Pois suas marcas refletiram a soma, adição,
Que ficou perdida nos cálculos de duas mãos.

Ao fundo, não entenderam o enunciado.
E que assim sendo, os seus 'ais'... os seus por quês...
                                                  (indagações)
Não se calem. Nem adormeçam.
Apenas reflitam no que poderiam ao 'muito mais'.
                                                  (reflexões)

Por ora, estão ambos parados e aflitos (talvez indecisos),
No nexo do ilativo,
No insensitivo,
No imbróglio lúrido de uma incessante dor,
                                                  (conclusões)

A dor que dá dó.
A dor sem ferida na pele.
A dor do inexato contato.
A dor que não some fugaz.
A dor do ninguém ausente, 
A dor presente que consome demais (e jaz), 
A dor de perdão sem pecado.
A dor entre os dois. 
A dor do 'não mais'.