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As paredes cheias de ódio
As paredes cheias de mágoas
As peredes com calafrios
As paredes com nossos retratos
As paredes que perderam a cor
As paredes que secaram o suor
As paredes que enfeitam o rancor
As paredes que escondem memórias
As paredes com marcas de copos arremessados
As paredes que ecoam os gritos
As paredes que ouviram os gemidos
As paredes que viram o prazer e a tristeza
As paredes que me joguei
E que você chorou
Que pediu para que eu fosse embora
Mas depois me ligou
As paredes amigas
As paredes escondidas
As paredes que estão sem vida
Sem nenhum amor
As paredes que escrevi meus versos
Rabisque minha raiva
Deixei minha marca
"De tempo ao tempo
Ele irá lhe procurar
Assim que estiver melhor
Assim que quiser voltar"
Foram as palavras que escrevi na sua parede
Parede que lhe pertence
As paredes que nos assitiram dormir
Que nos viram discutir
As paredes que seguram meu violão
Quando o arremecei sem dó nem compaixão
As paredes que tuas costas encostaram
Enquanto o beijo ardido era aliviado
As paredes que presenciaram toda a história
A mais curta
Tola
Mas pura
Idiota
Que não durou nem uma década
As paredes que observam um novo homem
Que te faz feliz
Que te faz bem
Que te faz sentir o que sentia
As paredes que odeiam ele
Pois sei que a mim elas amam
E ele apenas distante, no canto
As paredes que uma vez pegaram meu sangue
Depois que me feriu com um objeto
Que lhe dei sem pena
Mas não voltarei jamais para tuas paredes
Pois as paredes não estão em casa
São paredes da nossa cena