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As paredes cheias de ódio

As paredes cheias de mágoas

As peredes com calafrios

As paredes com nossos retratos

As paredes que perderam a cor

As paredes que secaram o suor

As paredes que enfeitam o rancor

As paredes que escondem memórias

As paredes com marcas de copos arremessados

As paredes que ecoam os gritos

As paredes que ouviram os gemidos

As paredes que viram o prazer e a tristeza

As paredes que me joguei

E que você chorou

Que pediu para que eu fosse embora

Mas depois me ligou

As paredes amigas

As paredes escondidas

As paredes que estão sem vida

Sem nenhum amor

As paredes que escrevi meus versos

Rabisque minha raiva

Deixei minha marca

"De tempo ao tempo

Ele irá lhe procurar

Assim que estiver melhor

Assim que quiser voltar"

Foram as palavras que escrevi na sua parede

Parede que lhe pertence

As paredes que nos assitiram dormir

Que nos viram discutir

As paredes que seguram meu violão

Quando o arremecei sem dó nem compaixão

As paredes que tuas costas encostaram

Enquanto o beijo ardido era aliviado

As paredes que presenciaram toda a história

A mais curta

Tola

Mas pura

Idiota

Que não durou nem uma década

As paredes que observam um novo homem

Que te faz feliz

Que te faz bem

Que te faz sentir o que sentia

As paredes que odeiam ele

Pois sei que a mim elas amam

E ele apenas distante, no canto

As paredes que uma vez pegaram meu sangue

Depois que me feriu com um objeto

Que lhe dei sem pena

Mas não voltarei jamais para tuas paredes

Pois as paredes não estão em casa

São paredes da nossa cena

Matheus Augusto Buarque
Enviado por Matheus Augusto Buarque em 02/01/2017
Reeditado em 26/10/2017
Código do texto: T5869609
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