Objeto Mau

Quero destruí-la, quero condená-la.

Pois és tu a causa do meu flagelo.

És tu que drena-me a potência de agir.

És a materialização da minha desgraça.

Que bom seria se fosse como és,

Exceto toda a parte ruim que introjetaste em meu ser.

Deixa de vez este teu orgulho,

Abstém-se deste teu egoísmo,

Aprende a ceder, aprende a amar.

Não deixa a minha paixão transformar-se em ódio visceral.

Não deposita-me a imundície que carregas.

Pois já torno-me teu carrasco em pensamento.

É o teu gênio, afinal, que jamais será curado.

E a tua beleza vai de encontro à tua arrogância.

E a tua alma é corrompida,

Tornando os teus dias uma eterna luta pela preservação desesperada da alta imagem que cultivaste sobre si.

Mas não calculas as consequências dos teus atos.

Agora já engoli a tua lama,

E ela corrói-me, torna-me mau.

Agora quero tortura-la com a tua própria miséria.

Pois tornaste-me um verme calamitoso.

Com a desgraça que fui obrigado a experimentar.

Rafael Gonçalves
Enviado por Rafael Gonçalves em 27/09/2017
Reeditado em 27/09/2017
Código do texto: T6126796
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