abraços desfeitos
[Lado A]:
Vamos caminhar até o meio termo,
Eu não disse andar até o meio do caminho,
Porém o mais difícil de todos os passos,
Onde não nos afastamos ou negligenciamos,
Apenas andamos em nosso meio termo;
Você se afasta como a Voyager da terra,
Estou te mandando tantos sinais de rádio,
Diga que nossa intimidade os decodifica,
Dizer para você fazer algo para ficar,
São palavras difíceis para eu proferir;
Algumas pegadas são difíceis de perceber,
Como as que deixamos na areia e são desfeitas,
Você foi se afastando, se desalinhando,
Você aprendeu rápido a andar sozinho,
Eu não impediria mas pediria compaixão;
Se o seu amor estiver submerso no mar,
Eu esperaria como um navio afundado,
Onde há um baú de tesouros para você
Eu posso ser muitas metáforas para o amor,
Aprendi a fazer todas com você inspirando;
Vamos caminhar até o meio e me diga,
Que podemos tentar não nos separar,
Vamos abrir mais as mãos e o coração,
Talvez ainda haja no fundo, punhado de amor,
Se quiser, aprendemos a fazer condensação;
(Data: 25 de Janeiro de 2020)
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[Lado B]:
Eu gostaria de entender quem sou sem você,
O motivo de dormir sem meias só pra não incomodar,
O motivo de comer maisena porquê você gosta,
Abrimos tanto a mão e desapegamos do que é nosso,
Existimos anos antes, podemos sobreviver anos depois;
Separar tem sido mais complexo que nos juntar,
É como me rasgar ao meio e me perguntei,
Por que a gente não se amarra um no outro?
Dando um nó cego e esquecendo como desfazer,
Não íamos nos rasgar mas apodrecer juntos;
A cidade tem estado tão solitária sem sua companhia,
Tenho ido à livrarias e ao mercado sozinho,
Me distraindo com placas e pôsters,
Cheios de palavra, ao contrário de você,
Uma nova rotina, desacostumei só comigo;
Nós fomos rasgados como pedaços de um vestido,
Tão antigo que não sabemos porquê estava no armário,
Agora somos dois retalhos guardados na lata velha,
Onde virá alguém e vai nos costurar a outro pedaço,
Amores tem sido assim, pedaços remanescentes juntos;
Tenho assistido menos filmes e lido menos,
Aproveitava o espaço que sua paz me trazia,
Onde o relógio deslizava e eu tinha tranquilidade,
Tenho coração de beija-flor, essa história já sabe,
Agora fico mais atento as notificações na tela,
Você nunca está lá, você já não estava antes;
Você deve ter tirado as suculentas e livros do lugar,
Eu já devolvi suas roupas para sua mãe,
Só não posso devolver as memórias no amanhecer,
E todo dia que acordo você está lá, sofre igual?
Eu te amei tanto, quero que encontremos a paz,
Mas por um instante, me dê o direito, sofra como eu;
(Data: 26 de Janeiro de 2020)
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