Veneno

Perdido na confusão

de meus pensamentos,

tropeço em lembranças.

Desço a rua em meio aos carros

que seguem impetuosos

o seu destino na metrópole,

atrasados pelos semáforos.

Em meio a ambulantes,

caminhantes e casais,

vejo nós dois

num passado pouco distante.

Por que tudo ainda me lembra você?

Que montanha é essa cujo topo eu não vislumbro?

De onde tirar forças, se já estou exausto?

Alguns dias sou capaz de correr

rumo ao topo invisível.

Em outros me arrasto,

miserável.

Permaneci por muito tempo,

ciente que aos poucos a montanha

se lançava verticalmente

rumo ao infinito.

Temia a jornada

que agora enfrento sozinho,

enquanto assistes confortavelmente

em seu ego.

Atiras em mim o que eu pensava

ser um novelo para me tirar desse labirinto.

Patético, descubro ser a língua da serpente

que me atrai ao bote.

Aos poucos vais perdendo

a máscara que cobre a face horrenda.

E percebo que por vezes

pude vê-la de relance.

Como não fui capaz de perceber

quem eras?

Ou será que percebi

e ignorei?

Egoísta. Covarde. Canalha.

Seu veneno será servido

em comemoração à minha vitória.

Gilberto Junior
Enviado por Gilberto Junior em 18/02/2021
Reeditado em 19/02/2021
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