Espelho da indiferença

Descendo ladeiras

as tuas névoas vejo

e sem rodeios falo

não com palavras

mas com reflexos:

sou do amor e da amizade

e a minha vibe não é só sexo

engana-te se o oposto pensas...

aos poucos me esvazio

e toda vez que te sinto fria

veloz, eu também esfrio

és quem determina o meu clima

e é inútil disfarçar

porque sou automático

ao mesmo tempo

que sentimental...

e essa geleira me trava

me afasta

e me faz perverso

em trocar o desdém

com sutileza em te dizer

o que não quero

ou o que quero e disfarço

mas esse caso já nem me importa

e quero é que tudo se exploda

porque cansei desse romantismo

que surfa nas ondas surdas

do nosso individualismo

sem precisão

e sem o êxtase

da conexão...

me ponho à indisposição

de ser um modelo p'ros teus feitos

e não estou nem aí

p'ros enganos teus...

se deixo no ar o desleixo

é porque já não me queixo

e porque compreendo

que é chegado o fim.