Moribundo

Moribundo

Seria tal tropeço previsível?

Pois soa tão deplorável.

Insensato e miserável.

Naturalmente desprezível.

Outrora o médico e o monstro.

Do homem, seu submundo.

Agora o médico e o moribundo.

Medicar tem desses encontros.

Como um gato a ronronar

E roçar seus sedosos pelos

Direcionando seus apelos

Ao humano que o alimentar

Por males assim criou-se a ética

Para evitar vergonhas tais

Dar ao profissional alguma paz

Pois a vida não é hermética

Há esperança, não se foi o respeito

Ideias são ideias, sonhos são sonhos

Na mente se enterra qualquer assanho

Que adormece e desperta no mesmo leito

Talvez também, pelo mesmo motivo

Criou-se e perpetuou-se o segredo

Ético e conveniente a todo medo

Para a preservação, sempre um incentivo

E para arte foge mais uma vez

Toda a minha interna loucura

Chorume fétido envolto em ternura

Esforço em conter a lucidez

Sobre ansiar mais um mero segundo

Repetir um indireto e breve olhar

Seria eu o eu lírico a tropeçar

Plenamente, um moribundo.

Darth Void
Enviado por Darth Void em 30/10/2023
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