Quando a paixão se vai

Nada aqui é novo

Do nada nada surge

Misturo palavras repetidas

Para expressar experiências já vividas

Repouso meu corpo na montanha

Esperando o desabrochar do sol

Sou mais sereno hoje

Sou tão grato pelo amor

Quanto pelo desamor

Posso amar só

Mas paixão se vive a dois

Amor é flor que vira fruto

Solitária, nunca se acaba

Se reproduz na vida

Semente ao vento perdida

Ressurgindo do chão

Paixão vive na dicotomia

Entre xilema e floema

É a dialética do coração

Se vai, tem que ter volta

Se não volta, nunca chegou a ir

Sístole e diástole

Entre veias e artérias

Pulsam vão e voltam

E se perdem no corpo

O sol rompe a serra rosácea

Meu corpo sobre a relva

Sou grato pelo passado

Ele é tudo que sou

Agradeço ainda mais ao futuro

Pois é tudo que serei

Eu posso amar só para sempre

Mas não posso me apaixonar só

Sequer por um dia da vida

Dessa vida breve sem fim

Luís Carlos Pileggi Costa
Enviado por Luís Carlos Pileggi Costa em 20/03/2024
Código do texto: T8023708
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