Linhas desoladas

Se a vida tivesse sido outra

outra teria sido a nossa história,

agora, a memória é tão pouca,

triste, permanente, obrigatória.

Meus olhos de mágoa e leite

cheios de chuva, silêncios e cansaços

e a sombra do teu corpo num tapete

aconchegada nos meus braços.

A solidão ardendo ao pé do lume

o espelho sem reflexo nem paisagem

e a vontade de subir, chegar ao cume,

contemplando a tua imagem.

Que saudade de estarmos sempre assim

vestidos de paixão - doce, intacta,

hoje, escrevo versos sobre ti

nas linhas desoladas de uma carta.