A Fé Que Me Resta

Palavras já não tenho mais,

Para expressar minha dor.

Estou sem porto, sem cais

Afogado no mar do desamor.

Não tenho ânimo para mais nada.

Vazios os meus dias passam.

Minha vida segue estagnada.

Todas as minhas ações fracassam.

Eu já não vejo o horizonte.

Tudo a minha volta definhando.

Estou a "um passo" na ponte.

A vida me segue debochando.

Já não tenho um segundo de paz.

Meus pensamentos me atordoam.

Nada, nem ninguém me apraz.

Quaisquer cores em mim destoam.

Dos olhos eu perdi o brilho.

Meu semblante está apagado.

De mãos dadas com o empecilho,

E pela solidão embriagado.

Com a tristeza à espreita,

E os malfazejos sondando,

Soa como combinação perfeita,

Para o meu sofrer ir validando.

Não remarei contra a maré,

Mas não jogo a toalha jamais!

Pois ainda resta-me a fé,

Para aliviar-me dos meus "ais".