“INTROSPECÇÃO”
 
Não me reconheço mais. No que me transformei?
O que é isso que eu tenho? O que é isso que eu sinto?
Não sei mais se sou alegre. Não sei mais se sou triste.
E todos os dias são iguais aos meus dias iguais.
E todas as noites são iguais às minhas noites iguais.
E os anos, todos eles, são iguais também.
Meus dias são gotas d’água permanentes e pontuais
do tempo marcando eu dele cativo.
 
Viver, só por estar-se vivo, rir para não constranger.
 
Como todos são felizes!
Eu de mim subtraído sou necessário aos outros e,
não sou necessário a mim que, fico com a pior parte,
cansado, só e pensativo.
Mas isso são detalhes, apenas detalhes numa vida.
Na verdade quem se importa?
Quem se importa com isso?
Quem?