madrugada fria

meu grito vira gato

vai pelos telhados

arranhando sua ausência.

a lua,

em todo seu esplendor de brancura,

se apaga ao tocar a geada que cai em meus olhos.

viro gelo seco ao toque das estrelas

um perfume de alfazema vai ao seu encontro,

enquanto evaporo entres as rosas murchas.

viro sapo e inflo o peito

um efeito sonoro sai meio sem jeito,

rebate na lua, dá na estrada insegura.

toda a arquitetura

traz evidências de que a rota escura

é minha única clareza.

o vento vai levando o que ainda resta

o vento varria folhas secas, cinzas, beijos secos, abraços frios, a poeira do brilho apagado de seus olhos. o vento trazia, por avisos repentinos, grito seco, acre: "não dá mais!". o vento vinha, não como era quisto, vinha voraz, tempestuoso, criando redemoinhos no caminhar só. o vento suspirava ilusão de gemidos de prazer, suspirava estralar de lábios pós-beijo. o vento vinha violento romper o não-pacífico. o vento rosnava feito fera acuada, em minha jornada tão mais sombria. o vento vinha como sopro de agonia sobre a ferida aberta sangrando "acompanhia". o vento nocivo se dizia preciso, cumpridor de destinos, levava longe qualquer longínqua intenção de volta.

jeferson bandeira
Enviado por jeferson bandeira em 04/07/2008
Código do texto: T1064024
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