ao rei do grande castelo

Ao rei do grande castelo

Ao rei do grande castelo

Pedem vênia os conquistadores

Da inutilidade, do desprezível.

E o pássaro a grande distância

Nos encantamentos da tarde

Protege com canto incansável

As relíquias que mãos sujas

Não podem tocar. Assombrados,

Olhamos.

A leveza do que é puro maltrata

O grande rei e sentimos na carne

A sua dor.

Ao rei do grande castelo

Se paga pesados tributos.

Para tudo que não sacia

Requer-se uma fé desmedida

Para que ele continue a atender

A demanda por ossos

Os mesmos ali amontoados no grande pavilhão

Dos iludidos.

Nossos conquistadores convalescem

Enquanto nos torturam.

Agora mesmo um corpo se foi

Deixando abandonado um espírito.

O infinito estava aqui ao lado

O pássaro nos lembra disso, e dói,

e ele se afasta,

Branco eterno no azul fugidio,

Enquanto erguemos um novo castelo

Com mãos trêmulas, exauridos,

E mais alto, enquanto o rei sorri.

Sentimos sua falsa alegria,

e morremos.

Embora continuemos aqui.

luiz silva
Enviado por luiz silva em 12/07/2008
Código do texto: T1077173
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