Maria Redenção Silva
Do descumunal peso do tempo,
certamente não irá se poupar
E das canções caladas pelos vendavais de seus anseios póstumos,
não poderá se libertar
Toda estrada petrificada,
onde rogou o ver chegar
As paixões que recriou
Rostos de infantos sonhos
De todas as bocas que tocou
(rouge batom desconfigurado)
Restou toda a escuridão onde o beijo a vácuo a afundou
E toda vez que, ao espelho, se inventou
Ficou o abraço anônimo, sem bom sentimento ou dor
Tornou-se as meras desculpas que forjou
Inabitável no terreno do amor
Mentiu-se que não era aquela face com a qual sonhou
De toda ferida que em si causou
Em seu nome, vai cantar regresso
E como o homem que sonhar...
Na manhã em que o sol brilhar
A mentira - abre-alas da verdade- há de apagar todo o desejo que ela possui pelo fato de
o amar.