Quero matar-te...
Quero matar-te…
Pois esta ânsia de amar-te
Descontrolou a minha visão
A minha cabeça é um mar
Por onde se afundam as mágoas
A vontade de voltar a sonhar
A impossibilidade de sentir algo
Estou vivo porque me vejo ao espelho
Não sei o monstro que sou
Serei uma criatura de outro reino?
Ou uma árvore que se incendiou?
O meu ser está perdido
Sou uma ave incapaz de voar
Sinto-me fraco e esquecido
Incapaz de matar
Não matar como acto de violência
Seria incapaz de tal prudência
Seria mais um pobre e inconsolado
Vítima de ódio e mal olhado
Matar como quem mata um defeito
Tentando reformular o seu efeito
É isso que busco todos os dias
No cruel mundo de almas escondidas
Se ajo como penso
O que tenho são derrotas
Se penso como ajo
As possibilidades são remotas
Sinto um labirinto a fluir o meu pensamento
Os caminhos estão visíveis mas a minha alma eu lamento
É uma pobre e triste imagem
Da pessoa que vive para a viagem
Em busca do esquecimento…