Erro grave de amor!

Reflexo de Narciso, de si embevecido,
quem de barro era e de ouro se via,
rebento único de família, filho mimado,
tão valor se deu e a si envaidecido
ou se não tanto, cego, não se sabia
ser por si próprio, tão mal avaliado!

Oferta-lhe a vida, a alma e o coração,

pensa-se na amada uma auto-pista,

acha-se para ela uma linda mansão,

vê-se especial, dela real conquista,

crê-se precioso, uma admiração

tem-se de si, esta dourada visão!

Mal íntimo em tal peito guardado,
atribuir-se realmente grande valor,

achar-se muito nela colocado,

quando quem se ama, na verdade

não lhe têm esse grande amor

e nem o vê tanto assim, valorizado!

 

O que há na cabeça de tal mulher?

Bem querer? O amor sai-lhe fácil da boca,

dito à sua conveniência, como ela quer,

e assim, como alguém troca de roupa

o mantém, até quando lhe convier

e se vai, o põe no lugar, feito coisa pouca!

 

Vêm-lhe a compreensão ao ver tudo acabado

Se sabia a ela importante e esta o via como nada...

Trocado, entendeu como amava errado!

Ouviu... "a fila anda"! Sentiu-se então, um mero vão...

Idílico sonho de amor desmoronado!

Do ouro que se pensava, simples erro de avaliação.

 

Quem de dor sente a alma trespassada?

Ele, que a amava! Ela? Qual! Terminou e tanto faz;

alguns dias depois,  dele não se lembrará mais!

Ele? Auto pista? Para ela só beirinha de estrada...

Ele? Mansão? Capaz! Uma reles casinha alugada

Quem muito se achava, para ela era nada... nada...

 

(Nos pensamos muito para uma pessoa, mas...)

Athos de Alexandria  26-07-2008