Trabalho inacabado
Horas solitárias de silêncio interminável,
noite morrinhosa que me lembra a tua sombra
refugiar-se no meu leito.
Trabalho inacabado
por colher ácios de nuvens brancas
como as uvas.
Pensar em ti.
Onde estarás?
Olhar o mar e buscar-te no serao
sem que estejas.
Caminhar lento pola praia de Lourido
baixo as estrelas,
que em morse
pronunciam o teu nome luminoso.
Ainda estás na minha mente?
Quiçá.
Quiçá nesta hora que me afoga
descubra que já nom está
a tua alma
nevada de esperança,
que eu descobria
assombrado cada noite
para além dos teus olhos
misteriosos.
Já nom estás comigo
e quiçá nunca mais
volvas estar.
1993