Nulo
A inquietude da alma me cala
Um estado de reflexão me inebria,
Sob as trevas da vida tumultuada,
Não pude absorver tudo ao que me cabia
Sem apreço
Sem maldizer
Sem preço
Sem prazer
Maldita é a existência,
Com suas comparações e imposições
Que sem consentimento me afetam em regência,
Modificando-me conforme as quatro estações
Sem pausas
Sem anestesia
Sem causas
Sem poesia
Meus únicos carinhos foram furtados,
Por querubins trapaceiros,
Por seus inúmeros amantes declarados,
Por meus amores... Simples passageiros
Sem inibição
Sem pudor
Sem articulação
Sem horror
Ousei-me atrever em meu secreto querer
Projetei e incentivei minha decadência,
Que seria a anulação de ti, meu satisfazer...
Sacrifiquei-me ao ver seu olhar em ausência
Sem hematoma
Sem verdade
Sem diploma
Sem divindade
Talvez seja inveja dos rebeldes inesquecíveis
Ou quem sabe até tentação pela derrota,
Porém sei que venci todas as lágrimas invencíveis
Tornando-me destemido nesta Era torta
Sem distinção
Sem consciência
Sem religião
Sem essência
Estabelecendo o pânico em minhas veias,
Tenho fobia em pensar no exílio da minha paixão
Feito uma traiçoeira aranha tecendo suas sensuais teias,
Sou um verdadeiro prostituto à procura de sua atenção
Sem serenidade
Sem vícios
Sem maternidade
Sem resquícios
Uma perda benéfica ao meu corpo?
Somente o sábio amanhã irá me iludir
Foi a devastação de nosso inatingível horto
Oh! Como pode de nosso pedestal simplesmente fugir?
Sem plenitude
Sem corrupção
Sem juventude
Sem conclusão