Nulo

A inquietude da alma me cala

Um estado de reflexão me inebria,

Sob as trevas da vida tumultuada,

Não pude absorver tudo ao que me cabia

Sem apreço

Sem maldizer

Sem preço

Sem prazer

Maldita é a existência,

Com suas comparações e imposições

Que sem consentimento me afetam em regência,

Modificando-me conforme as quatro estações

Sem pausas

Sem anestesia

Sem causas

Sem poesia

Meus únicos carinhos foram furtados,

Por querubins trapaceiros,

Por seus inúmeros amantes declarados,

Por meus amores... Simples passageiros

Sem inibição

Sem pudor

Sem articulação

Sem horror

Ousei-me atrever em meu secreto querer

Projetei e incentivei minha decadência,

Que seria a anulação de ti, meu satisfazer...

Sacrifiquei-me ao ver seu olhar em ausência

Sem hematoma

Sem verdade

Sem diploma

Sem divindade

Talvez seja inveja dos rebeldes inesquecíveis

Ou quem sabe até tentação pela derrota,

Porém sei que venci todas as lágrimas invencíveis

Tornando-me destemido nesta Era torta

Sem distinção

Sem consciência

Sem religião

Sem essência

Estabelecendo o pânico em minhas veias,

Tenho fobia em pensar no exílio da minha paixão

Feito uma traiçoeira aranha tecendo suas sensuais teias,

Sou um verdadeiro prostituto à procura de sua atenção

Sem serenidade

Sem vícios

Sem maternidade

Sem resquícios

Uma perda benéfica ao meu corpo?

Somente o sábio amanhã irá me iludir

Foi a devastação de nosso inatingível horto

Oh! Como pode de nosso pedestal simplesmente fugir?

Sem plenitude

Sem corrupção

Sem juventude

Sem conclusão

Carlos Henrique Toledo
Enviado por Carlos Henrique Toledo em 19/03/2006
Código do texto: T125369