Me ame ou me deixe ir embora

Como sol arde à pino,

Lá fora corre a vida,

És meu homem-menino,

E eu tua querida.

Nos meandros dos versos,

Apocalipses de alma em fase mutante,

Miscigenação de universos,

Livros destroçados nas estantes.

Vontades lúdicas de ser tua,

Sonhos puerís e encantados,

Serenata fazes à lua,

Estamos na mesura acorrentados.

Qual tilintar de cristais,

Sons prodigiosos de corações acelerados,

Sinto a boca secar querendo mais,

Sabemos ser inconsequentes apaixonados.

E se de tudo já não há alento,

Pois o faz de conta começa a incomodar,

Em mim não há contento,

Meus dedos querem te tocar.

Redemoinhos estão a me varrer,

Levam de mim a última esperança,

Medo de pagar pra ver,

Medo de perder meu eu criança.

Não posso calar agora,

Preciso pedir pra esquecer,

Chegou o momento de ir embora,

De ver a mulher entristecer.

Agora devo ir,

Devo sentar-me novamente na pedra do cais,

Talvez haja esperança,

Ou talvez, um nunca mais.

Mas, a hora é agora.

Me ame ou me deixe ir embora.

Mary Rezende
Enviado por Mary Rezende em 29/10/2008
Reeditado em 30/10/2008
Código do texto: T1254646
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