"Entre o céu e o inferno"

Que me levam daqui pra cá e de cá para aqui.

Ao tentar caminhar piso nos espinhos que se tornou meu chão,

Caindo de joelhos por sobre meu sangue.

É frio e quente constantemente, oscilações repentinas,

Frio que queima meus braços, meu peito,

Calor que congela minhas sensações.

Estou nu, em um buraco negro,

Rodeado não só por quatro paredes,

Também por mais algumas centenas que se projetam dos meus olhos,

Olhos castigados pelo dia-a-dia.

Preciso de ajuda, sinto que preciso,

Mas aqui não tenho ninguém a recorrer,

Grito e grito, tendo como resposta meu eco.

É angustiante, deprimente, a minha situação,

Minha boca começar a formigar,

Até que meus lábios estouram, espalhando formigas por todo lugar.

Estou com medo, será que realmente estou morto?

Não consigo refletir, é tudo tão intimidador,

Que a certeza da morte se torna incerta,

E a certeza acaba-se morta.

Tento com todas as forças respirar, em vão,

Pois, ar aqui não tem.

Lentamente vou me acalmando,

E saindo de baixo da cama,

Sem braços, nem pernas, muito menos olhos a que eu pudesse recorrer,

Estou além de só, pois, para estar sozinho necessitaria de mim, nem isso tenho,

Fui além do pó, além das cinzas, do lado do ninguém, perto do nada.

Minha saída é uma só, continuar a questionar,

A vida e a morte como uma só,

Tendo entre as duas um único destino,

Nenhum.