Transformado em estrelas...
 

Vou-me lento com o tempo!
Sou irmão dos astros do céu,
e das estrelas do firmamento!
De quantas delas irmão, será, fui eu?
É, pois que delas do pó fui criado,
milênios num momento,
e gente fez-se delas a mim,
irmão de uma estrela do passado...
 
Penso-me que,
 na escuridão antiga eu ter sido,
uma estrela cadente.
Cai na terra e,
 eis a razão e o motivo aparente,
de eu ser pó de estrelas,
porém, transformado em gente...
 
Nasci homem e me vi poeta,
 uma pessoa diferente.
Do pó, conheci uma luz inquieta,
feito dele na terra linda estrela,
que nela, aqui,
brilha intensamente.
Mas,
deu-me ela tanto sofrimento,
que melhor teria sido, eu não conhecê-la,
melhor, eu poeta, ter sido sempre só...
Fez-me ela triste, da face levou-me o riso
e todo contentamento...
Hoje
tenho vontade de não mais ser gente.
Quero morrer logo!  Voltar a  ser pó!
Quem sabe tornar-me de novo estrela!
Talvez assim, conseguisse esquecê-la;
do que ficar aqui infeliz,
de longe a vê-la,
tão feliz...
 
E,
vejo que o tempo vai  passando,
escoando lentamente...
Como areia de ampulheta,
entre meus dedos está vazando...
Como meus pensamentos, ele, o tempo,
está voando...
E como ela, a areia,
minha vida se esvai e vai,
igual tal e qual,  à semelhança,
desta areia,
que lentamente...
cai...
 
 
Athos de Alexandria   21-03-2009