Versos da tua despedida

Dos versos que trago trancafiados no peito
Existem alguns que nunca conseguirei escrever
Por que sempre que neles me empreito
Sua lembrança me faz estremecer

Retirando-os de um relicário
Que guarda em si minhas dores da vida
os fragmentos de desencontros
são os que mais trouxeram feridas.

O que sai primeiro deste imaginário
é o do dia de tua partida
eterno momento triste e solitário
De nossa angustiada despedida

Cada um em uma direção
Olhos ao longe, rumos opostos... lágrimas de emoção
corpos frágeis e carentes, separados pela solidão
duas bocas singulares... que nunca mais se tocarão

E o segundo que deixou-se perceber
Num momento qualquer a deixar-se entristecer
Foi saindo aos prantos em um chorar sem fim
Levando pequenos pedaços de ti que ainda habitavam em mim

E o tempo que foi passando
Apagou os versos lentamente
Deixando em meu peito morando
Saudades de ti que não se compreende.

Hoje já não te escrevo versos de nostalgia
Não te dedico canções nem melodias
Mas lembro que em outros tempos já extintos
Vivíamos de paixões em beijos famintos

O que me restou de ti
é apenas algo singelo, mas concreto!
Essa marca gravada no dorso,
Esse desenho tão discreto

Se um dia qualquer, mutar novamente
minha tristeza em alegria
Ei de mandar-te prontamente novos versos
Marcando o retorno de minha poesia

Hoje, dos versos que trago sufocados no peito
Sabes que fostes responsável por todas as linhas
E mesmo assim levastes qualquer chance de escrevê-los
Roubando de uma vez as esperanças que eram só minhas.

Edison Barlem
Enviado por Edison Barlem em 12/04/2009
Reeditado em 23/04/2009
Código do texto: T1535345
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