Flor do Pantano
Apodrecidos galhos...detritos a toa...
boiando na agua, entre touceiras de taboa.
Agua barrenta...limosa...
Eis o pantanal!
Quebrando, as vezes, o silencio do local
o coaxar de algum sapo...
Arbustos de dourados pomos crescem ali
como se fossem plantados por mãos humanas.
Mas a fruta cor de rosa que parece
a primeira vista apetitosa, tem violento veneno:
adocicada embora seja,
mata em seguida aquele que a devora.
Que misterios guarda esse enorme lodaçal
de diabolica fauna e silencio sepulcral?
De pestilento cheiro onde reside a morte,
onde o ar é veneno e a lei é do mais forte?
Porem, a dadivosa e boa natureza,
para alegrar esse ambiente de tristeza
fez ali brotar um florido jasmineiro
que muitas vezes incensa o lodaçal inteiro!
Dir-se-ia que o Supremo Ser, apiedado
desse pobre lugar que vive abandonado,
fez nascer sobre o mal que mora entre o capim,
o perfumado bem em forma de jasmim.
Porem, nisso não creias...
O bem sempre fenece onde domina o mal.
A flor que nasce e cresce ali,
também embora bela é traiçoeira.
Pobre do caminhante que chegando a beira d'agua
sentir-se pelo perfume atraido e entrar no pantanal
buscando, decidido, alcançar o jasmineiro...
Anda...e estando perto, aspira o perfume
e arrepende-se por certo.
Estando proximo de tanta formosura
mais proximo estará de sua sepultura.
Em meio ao pantanal pestifero da vida
encontramos também alguma flor perdida entre detritos.
Delicada flor mimosa
com a brancura do lirio
e o perfume da rosa.
Não te deixes, porem, levar pela aparencia.
A flor mulher que, muitas vezes, traz em si tanta inocencia,
as raizes tem mergulhadas em podridão...
vive do mal...sem virtude...
sem coração!
(publicado na antologia "Caminho dos Sentimentos" - pg 11 - Editora In House - outubro de 2008 - da Associação dos Escritores e Artistas de Louveira - Dia 22 de agosto "Dia do Escritor Louveirense")