Desencanto

Que importam cascatas de palavras

A jorrar como torrente da multidão

Se dentro de mim sou estranheza,

Solilóquio, saudade, solidão.

Que importam os francos sorrisos

A borbulhar da face como vulcão

Se dentro de mim sou só tristeza,

Dor, desencanto, decepção.

Que importam os dias nascentes

A tecer sóis como teia sobre o céu

Se dentro em mim sombreiam noites

Que encobrem meus sonhos como véu.

Que importa a profusão de gestos

A desatar do discurso cada nó

Se dentro de mim estou em cadeias,

Sigo, silenciosamente, sempre só.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 27/05/2009
Reeditado em 27/05/2009
Código do texto: T1618552
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