Lamento de um velho marinheiro

Para o poeta Gladston Salles

Já não vivo de ilusões

‘inda que os sonhos

Persistam em mim.

Já não ponho os olhos

Além do horizonte possível

‘inda que o encanto

Subsista n’alma

Sempre indescritível.

Sou náufrago

Velho marinheiro

A enfrentar as ondas

De um oceano imenso

Que não é feito só de águas

E me alcança sempre

‘inda que em terra firme:

São vagas de solidão e mágoas.

O horizonte que vejo além

Tão tênue como a ausência

Traz-me sempre à mente

A certeza que me dói mais

Hei de retornar um dia

Para o encontro comigo mesmo

Sem o consolo perpétuo

D’ alguém a esperar-me no cais.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 25/07/2009
Código do texto: T1718516
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