§ No meio do temporal §
Debaixo do temporal
Os paços vão pelas ruas
Um corpo nu e ferido
Arranhões na alma e no peito
Nada parece fazer sentido
No denso de um crepúsculo
Onde nada tem mais vida
A não ser a dor nessa ferida.
A escuridão paira total
Dura e cruel
Pega-me com tuas mãos frias
Estilhaça-me feito papel.
Sinto os arredores de meu peito
Latejarem, agonizarem de dor,
Vejo a lua nova surgir,
Impiedosa como este amor.
Sinto meus pés congelarem sobre chão
Sinto as gotas de sangue caírem
Desta ferida em meu coração
Continuo vagando
Sob o total deste eclipse
Continuou te aguardando,
Espero que explique-se.
Já me encontro uma morta-viva
Assassinada com tua partida
Já não me lembro mais
O que era me sentir quente
Meu sangue esfriou com seu adeus
Por este amor estou doente.
Sinto a calçada fria beijando a pele de minha face
A aurora fria já vem me abraçar.
Com traços frios o sol renasce
Neste cinzento amanhecer
Estou a chorar.