Frio horizonte

Se choro, febril no teu seio

me derramando aos poucos em tua face

é o copo que transborda, cheio

do dia redundante que nasce.

Se amo em segredo, dissimulado

um fantoche de emoções tardias

é o corpo que tépido em noites frias

respira a ausência a teu lado.

Se esqueço o mundo como a vida

no horizonte pálido do que eu era

é para lançar meus olhos na partida

ao ver teus olhos na minha espera.

Se sonho, esqueço, choro e amo

no mesmo ímpeto insano e voraz

é por que, num silêncio atroz te chamo

para a mesma vida viver, mais e mais!