DESERTO DA DOR

O empenho do jardineiro

Não é mais regar o jardim

Para que ele floresça

É para que seu amor

Pelas plantas desapareça

Obstinadamente vai em frente

Cada dia regando menos

Perseguindo o seu objetivo

Com determinação solene

O foco de sua meta ninguém lhe tira

Pode até sofrer danadamente

Mas nega com indiferença e se isenta

E nessa isenção segue

Sem se preocupar

Que o amor que tenta matar

Poderá se revoltar

Fazendo de sua vida

Um jardim sem flor

Sem perfume e sem poesia

Um verdadeiro deserto

De arrependimento e dor...

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