Incurável Enfermidade

Eu não sou o eixo da infinita roda

Que gira da planície ao litoral.

Eu não sou o remédio das ânsias

De vidas inexistentes

E que tanto insistem em se enfeitar.

Ah Apoteóse!

Ah Infinita Náusea!

Com tal crueldade eu escuto o ruído das máquinas

Mas não vejo nada.

Não sinto mais o cheiro dos doces aromas,

Mas com tal crueldade eu sinto!

Eu sinto o cheiro do óleo

Do carbono

E do silício.

Ah penoso destino

Onde tudo se acaba em rugas e bolhas!

Onde os suores de dois corpos não se conhecem mais

Mas por hora se entendem!

Não está ao meu alcance

Desde o meu nascimento

A sensação macia de uma mão carinhosa.

Ah severa mão penosa!

Com que crueldade caí no meio da tempestade

Desnudada de meus princípios

Enrugada em meus suplícios.

Ah, as minhas escolhas!

Merecida consequência!

O açoite silencioso desses morimbundos!

Ah como me mata a morte viva desse mundo!

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 06/10/2009
Reeditado em 06/10/2009
Código do texto: T1850391
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