SEM RUMO


Na minha face as marcas
das lágrimas, o caminhar
quando a saudade veio desaguar.

Alma já cansada, sem qualqer disfarce
banha solidão em meu olhar
nas noites longas do esperar...

Sem o calor dos seus abraços
o frio da ausência me consome,
meu corpo tem sede, tem fome...

Por que essa tristeza invade
encarcerando o meu ser?
Apenas queria o seu amor ter...

Sonhos tantos são devolvidos
pelas marés revoltas da ilusão,
aprisionando no silêncio a emoção.

Hoje, tão distante do seu cais,
em nenhum porto encontro abrigo
dos ventos furiosos, sem aviso...

Já não sei se nado ou naufrago,
nesse tempo de dúbias correntezas...
Sou nau, num rumo de incertezas.

Na vazante das águas da desilusão
em ondas, o refluir do meu cansaço,
que nos grãos de areia não desfaço...

A melancolia envolve o meu ser,
que em desatino, num grito mudo,
descrente se turva, cego e surdo!


2009
Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 30/10/2009
Código do texto: T1896291