FRUSTRAÇÃO

A multidão é grande e agitada,

parece que todos têm pressa...

Rostos surgem e desaparecem

como que levados pelo vento,

corpos esbarram uns nos outros,

batem, empurram e se vão.

As luzes dos carros ofuscam,

iluminam os vultos

e cegam os olhos.

Na calçada um ancião fuma nervosamente

na espera, talvez, de quem não vem...

Um menino chora,

um mendigo estende as mãos no gesto de pedir.

Uma buzina ao longe,

a confusão aumenta,

as fisionomias se alegram,

um ônibus chegou...

Um jornaleiro grita as manchetes,

fala de guerras, de fome,

e ninguém ouve.

Nem mesmo o acidente recém acontecido

consegue desviar a atenção dos que esperam...

O murmúrio cresce,

olhos se estendem na distância,

se perdem na escuridão

na esperança de avistar.

As fisionomias se contraem,

um ônibus partiu...

Lentamente meus olhos se desviam

para o nada,

meus passos me conduzem para a noite

e eu choro.

É que em meio à multidão

eu também te esperava...

Giustina
Enviado por Giustina em 06/11/2009
Código do texto: T1907455
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