A mulher em sonho

Dado o insípido gosto

Da vida ao redor o corpo marcar

Minha vida lá no canto da memória

Diz em coro sentido ‘quero chorar’

Quem mais deseja-me senão o frio?

Um rosto onde o céu vela a amargura

Palavras entendem quem sou mas não definem

o ser vivido de intensa e ausente ternura

Um dia, o ser mais que a simples presença

Talvez crie em meus olhos mais que o brilho

tão cálido e fontes que borbulham massacradas

espelhem em mim o gozo e a doença.

Mas teus olhos, ah! eternidade em sonho vestida

são o único bálsamo, delírio de tranqüilidade

que despertam em mim o que fui em segredo

o âmago, o som, o cerne, felicidade!