Em nome do nada

Sinto-me sufocado pela bestialidade.

Não há nada sensato, racional.

Tudo é conformismo e aceitação.

Lança-se algo novo, vira moda.

E a menina, num ridículo exigir,

pede seu sorvete de marca.

O jovem economista apoia teorias econômicas.

Ele aprendeu a lição.

O desdentado analfabeto acredita nas novas idéias

porque foram notícias na televisão.

Ah, meu caro Machado!

Como eu gostaria que você estivesse vivo

no seu tempo.

(Do livro: O avesso do exato. Inédito)