Amargura

Meu coração é amplo

Vasto como o deserto do Saara

Tudo o que minha boca fala

O que o meu olhar vê

O que meus ouvidos escutam

O que minha pele sente,

Tudo já estava pré concebido

Sangrando veia a veia

Até a artéria da mente.

Ah esse amor de somente

Semente de um fruto apodrecido

Concebo o filho coxo

E ele caminha como a consequência inevitável

Dos mais incólumes atos.

Tento turvar a vista

Prender a respiração

Mas nada pode distorcer os fatos.

Sangra alma desafortunada

Alma cuja fúria divina

Deus muitas vezes o dedo apontou.

A mais maldita das mulheres

Arrasto-me como cobra asquerosa

Esgueiro a felicidade de aquém.

Sangra, e busca o refúgio na tua lágrima

Sangra ventre embebecido

Sangra coração amortecido

Amordaçado pelo erro

Ó coração amolecido pelo gesto de amar

Sangra e chora

No mundo que te negam, é tudo o que te resta

Sangrar

Chorar.

Isabelle La Fleur
Enviado por Isabelle La Fleur em 31/12/2009
Reeditado em 31/12/2009
Código do texto: T2004185
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