Depois que os olhos foram embora

Depois que os olhos foram embora

cego, tateava as ruas além de mim

e um outro que deixou o que eu era agora

teceu uma história de mágoa sem fim.

Homem sem rosto, rosto sem som

minha pequena lembrança para os desvalidos

que ecoam no mais indistinto e puro tom

suas existências como anjos perdidos.

Depois que a vida apagou as chamas

de uma luz tênue de não ter vivido

ainda dizes, humano ser, que outro tu amas

se a ti mesmo tens amargamente esquecido?

Falas de ti mesmo: ‘sigo rumo à plenitude’

‘evoluo como incriado ser redescoberto’

Quando na verdade teu corpo é quietude

e teu coração um imensurável deserto!