É o fim

E essa é só mais uma noite amaldiçoada

Quando mais uma vez eu estou aqui esperando

Que aconteça tudo o que eu sei que nunca vai acontecer.

Eu estou cansando de esperar aqui

Enquanto a chuva derrete meus olhos quebrados

Carrega as minhas lágrimas riscadas

Se mistura com a dor de uma sinceridade inútil.

Ao meu redor está tudo cinza

E você já não se importa com o meu perigo

Eu poderia me jogar da ponte

E isso já não faria diferença alguma.

Eu olho pra baixo, pra correnteza

Pras pedras e pra água borbulhando,

Pros pingos de chuva abrindo buracos

Num imenso espelho de água negra.

Eu quero me libertar desses grilhões

Eu quero a liberdade dos teus braços denovo

Eu quero apenas deixar de sentir isso me asfixiando

Me queimando como um veneno mortal

Eu só não quero mais sentir o gosto amargo

Da dor da tua ausência nessas noites malditas.

Mas isso já não vai me fazer chorar

Porque não restam mais lágrimas nos meus olhos

E nem restará mais dor nesse meu peito

Depois que essa imensidão negra me fizer afundar

E levar de mim toda a vida

Que ainda me faz morrer pela tua falta.

Os suspiros estão se tornando mais lentos,

As pulsasões inexistentes

A dor de te amar está sumindo

E já não há mais consiência.

Algo estranho bóia na água corrente de um rio

A chuva ainda lava seus olhos borrados

Que nunca mais irão chorar por não te ter.

Rostos que nunca a viram fitam a cena chocados

Todos dizem que não haviam motivos

Mas ninguém sentiu a tortura que vivia

Quando o gosto dos teus lábios

Corria todo o seu corpo como uma navalha cortante

E a sua ausência era tudo o que restava.

Marina Dalmass
Enviado por Marina Dalmass em 18/04/2010
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